A cena lenta – Cláudio Oliveira

Os poemas reunidos neste livro chegam às nossas mãos à revelia do poeta que o concebeu. Porque os próprios poemas também se deram muito certamente à revelia de seu autor: de suas ocupações principais, dos estudos filosóficos e psicanalíticos, das aulas na Uff, das correções de prova das centenas de alunos, das palestras, dos congressos, das dissertações e teses, das bancas, dos orientadores e orientandos, das traduções, das sessões de análise e dos cartéis, enfim, esses poemas devem ter surgido nos momentos em que as cenas cotidianas, com suas experiências cruciais, se tornaram lentas o bastante para trazer a abertura para outro tipo de palavra, com suas diferentes espessuras e transparências, a palavra poética — palavras que estamos na iminência de ler aqui.
Caio Meira


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