Fluxos e Trânsitos na História da Arte Global – Fernanda Pequeno e Tamara Quírico (orgs)

As discussões sobre História da Arte na UERJ sempre giraram em torno dos debates contemporâneos acerca da própria concepção da disciplina. Buscou-se, desde o princípio, participar dos questionamentos sobre os desenvolvimentos do campo, integrando esforços para se abandonar o centramento da atividade historiográfica na arte ocidental, profundamente influenciada por uma perspectiva eurocêntrica. Na UERJ, passou-se a abarcar temas que expandiriam os limites do campo disciplinar: a globalização, por exemplo, e as múltiplas e diferidas identidades locais, assim como as culturas (de elite, popular, de massas), as mídias e as instituições, as interpretações históricas, dentre tantos outros.

É nesse contexto que o Programa de Pós-Graduação em História da Arte da UERJ foi criado, em 2019. Ele atende a uma demanda específica de formação, respondendo também ao desenvolvimento da área de História da Arte em níveis nacional e internacional, ao participar de modo qualificado do debate sobre a História da Arte Global, que se tornou tema de destaque na área há algumas décadas: desde finais do século XX, ela vem buscando incluir conexões, trocas, mobilidades – tanto de objetos como de artistas – e culturas visuais que passaram a ser compartilhadas entre grupos diversos, muitas vezes distantes geograficamente. Para nós, docentes do PPGHA, importa especialmente levantar o problema da abrangência efetiva dessa nova tendência historiográfica, debatendo como, apesar de a arte estar difundida pelo globo terrestre, o conteúdo da História da Arte, tal como é gerado por meio de ensino, mostras e publicações, permanece ainda parcial, não somente por centrar-se na Europa e na América do Norte: as próprias concepções que norteiam o debate ainda se originam do norte global, e precisam ser questionadas, de modo a abrir espaço para diferentes epistemologias. Buscamos, nesse sentido, igualmente estratégias inclusivas, que não apenas ampliem o panteão da arte ocidental, mas que enfrentem os problemas da heterocronia e da incomensurabilidade das culturas a partir do Brasil, da arte aqui produzida e de seus processos de historicização e institucionalização. É a partir de tais premissas que o PPGHA-UERJ se posiciona.