Hiperorgânicos 4: cosmogonias vegetais e arte – Carl Hayden Smith e Roseanne Wakely / Edward Shanken / Jeremy Narby / Luis Eduardo Luna / Olga Kisseleva / Roy Ascott

Tanto o evento homônimo quanto a coleção Hiperorgânicos são ações apoiadas pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFRJ, organizadas pelo grupo de pesquisa Núcleo de Arte e Novos Organismos – NANO, sob coordenação dos docentes Guto Nóbrega e Malu Fragoso, da linha de pesquisa Poéticas Interdisciplinares. Centrado na relação entre as diversas tecnologias, a arte e o contexto em que as ações humanas se desdobram e dão sentido à vida, o Hiperorgânicos se caracteriza por uma atuação verti- cal, ao aproximar estudantes da graduação e da pós-graduação, e ao mesmo tempo horizontal, ao conectar universidade e sociedade, natureza e cultura, arte e mundo, e ao diluir fronteiras entre o universo das chamadas novas tecnologias e aquele das práticas tradicionais. Assim, procura promover a integração entre conhecimentos legitimados pela ciência, no sentido convencional, e saberes dos povos originários, sejam eles visíveis ou invisíveis, verbais ou não verbais.O quarto volume da coleção Hiperorgânicos agrupa reflexões em torno do tema “Cosmogonias vegetais e arte”. Nele, encontramos ensaios de pesquisadores e pesquisadoras traduzidos para a língua portuguesa, reforçando diálogos transnacionais. Entre as múltiplas pautas dos debates contem- porâneos, aquela que se volta para o Antropoceno e para a sustentabilidade do planeta tem ganhado maior visibilidade e interesse na produção artística e na reflexão dela decorrente, tanto nas proposições que se dedicam especificamente ao universo e à presença das plantas em suas proposições, quanto nos conhecimentos e práticas transculturais que se desdobram a partir dos saberes que decorrem desse mundo vegetal. Assim, a publicação reforça, a partir de uma perspectiva reflexiva e integrativa, a crítica a um modus operandi em que diferentes visões de mundo e modos de vida, mais que em oposição, precisam ser vistos em constante intercâmbio. Se as cosmogonias vegetais se apresentam como área de interesse transdisciplinar, é a partir da experimentação poética que elas são abordadas nesta publicação, reforçando a produção da arte contemporânea para além do universo técnico e de um pensamento autônomo voltado para si. Nessa chave, sob uma perspectiva do agora, territórios disciplinares e culturais, assim como temporalidades dilatadas e transversais, apontam para uma reflexão e produção comprometidas com uma dimensão ética e estética em transformação, uma vez que não é mais possível sustentar práticas não conectadas com dimensões múltiplas e saberes diversos, concepções de mundo unilaterais e pretensamente universais. Nesse sentido, vivemos um processo de ressignificação do conceito “arte”, ainda em curso, do qual não temos compreensão plena, e iniciativas como essa nos permitem vislumbrar algumas das possibilidades para esse outro entendimento.

Ivair Reinaldim

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