Clínica de artista I – Roberto Corrêa dos Santos
Sim. a clínica. Cria-se a clínica. como poema. Alturas curvas vazios dobras volumes declives quedas silêncios ocos. A seta da vida forte a exigir a abertura do arco tensor. O preço do conceito. Mecanismos mentais ativados. O visível do querer. Redes móveis do corpo. Íntimas exigências do fora. Volumes de areias do deserto em ondas. Topologias descritíveis. Rudezas de toda espécie. Sobras.
Sim não sim sim. Em lapsos altivas potências. Atingir diretamente o terreno. Mais traumas mais operadores de argúcia. Nomadismos de sintomatologias. Mais sintomas mais vida. Mais sensores. Mais domínios. O reter e o salto. Surtos mutáveis. O trabalho ativo da clínica. O simplesmente respirando. O poema e seus químicos estados. Fôlego. Lugares de quebras. Rompe-se o poema secreto seu. Uma película. Um acontecer árduo disposto para o alto. Volumes agudos dentro da caixa. A caixa do poema. A quietude enfim. Derramam-se desejos na pia. De súbito vasto arsenal de operantes moléculas. Intercâmbios entre a natureza do poema e a natureza daquele que o encontrou.
Ordens impostas pela carne. Pontos nervosos. Haver no tecido fibra e sangue. em um naco todo o programa. O dna dos afetos. Os infactíveis. A morte e o vivendo. Tubos. Ardência. Poemas destinam-se. Exigem espaço e prática. Confrontos. Dobragens. Valer-se dos simplicíssimos mecanismos do desfazer pesos do estômago ou da alma no pasto. Espectros e moedas. Um animal a afirmar o amor. Observância do que pareceu próprio e não próprio. Como se o inumano seu estivesse a espiar. A espiar o isto. Aqui. Como se o inumano seu reescrevesse em você sentenças microscópicas.
Tarefa sua a ir-se constituindo com a coisa e o fato e a inocência e a pausa. Você voltando ao mundo. A cura. Diz o inumano em seu peito não temer órgãos ou distâncias. Diz que o isto e seu ele seu isto seu inumano acabam de emergir. Face ao reto o lobo.
A clínica. sim. a clínica. Como poema.
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