A revolta nas ruas – Matheus Maresthoni
As revoltas se comunicam entre si. As ondas sísmicas atravessam todo o planeta, contornando fronteiras e nacionalismos para se retroalimentarem entre uma luta e outra, embora as condições em que nascem sejam tão diferentes. Assim, pouco a pouco, estamos construindo horizontes compartilhados de uma liberação compartilhada, pois a máquina que nos oprime é global, embora implante mecanismos muito variados de um território para outro. Por isso livros como este são tão importantes, eles formam uma parte desta comunicação. Não dos terremotos que cruzam fronteiras em um segundo, incentivando mais revoltas, mas a parte mais cuidadosa e elaborada de nossa comunicação solidária, aquela que precisamos aprender, lembrar, fincar raízes mais profundas nos momentos entre as explosões. (…) Um movimento, um povo, uma turba, um submundo – dependendo do caso – que tenha essa memória analítica e estratégica terá sabedoria combativa e vencerá desafios cada vez mais importantes. É também por isso que quero acrescentar o meu ânimo e entusiasmo a este livro, pelo modo como ele constitui um projeto de luta em si mesmo.
Peter Gelderloos